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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

domingo, 9 de junho de 2013

Deus Azul

DEUS AZUL

Ó Deus do Blues
Nascido da África
Amamentado pelo sangue espanhol
(Violão)

Pai do Soul, Rock,
Funk e Pop
Cujo coração bate em percussão
Que ecoa no mundo todo...

Irmão unido em espírito
Com o Folk e o Country
(Gaitas escocesas)

Ó Deus tristazul
Peço que olhe para todas essas oferendas
Espalhadas em meu lar...
Slides e capotrastes,
Palhetas e afinadores,
Cordas e cases,
Violões e Bandolins,
Baixos e Guitarras,
E caixas de fumo,
E teclas,
E gaitas,

Apitos, kazoos,
Bongôs, meias-luas, chocalhos,
Pedais, mesas de som,
Cabos, microfones, amplificadores,
Discos, vinis, CDs, fitas,
Digitálias, Dvdéias,
Livros, fotos, posters,
Miniaturas, bilhetes,
E uma alma...

Peço que olhe para este micromundo
E conceda a este imperador solitário
Habitante deste planetaquário
Apartamento-som
Um desejo:

Derrubar as paredes
Estourar a bolha
E tocar - com a voz,
Com as cordas,
Com o sopro,
Com as mãos e o olhar -
Almas outras,
Tão próximas
Mas distantes.

Que minhas cordas vibrem cabelos
Que meu sopro vibre suspiros
Que minha voz vibre vazios
Que minhas mãos movam muralhas

Até que aquilo que é só som
Possa se tornar com o outro
Só um.


(Leo Vik)


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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Estreia

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Que momento incrível
Deverá ter sido
Tal estreia:

Café com pão
(e geleia)


(Leo Vik)

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sábado, 6 de abril de 2013

Desapego (let it go)


Um peixe no aquário
Para sempre nadou
N’oceano lançado

Uma flor na janela
Em milhões floresceu
No quintal transplantada

Um pássaro preso
Exultante voou
Pela gaiola entreaberta

Um poema guardado
Muitas milhas correu
Em milhares impressos

Amor sempre é menor
Engaiolado
Afogado no aquário
Amarrado na janela
Engavetado

Amar
Lançar cores no ar
para que, aquarela,
a pintura liberta
à parede retorne
por querer retornar


(Leo Vik)

.

Transatlântico



She’s ma’sunshine,
Beautybutterfly,
Sorriso transatlântico
Descendo a rua da ladeira.

Nós somos
Better together
Laranja e limão
(it’s a half to be one).

No meu mapa
Ela é Paris
Lisboa, Roma, meu quarto
Meu quinto elemento.

A quem interessar possa:
Sá Marina menina
Saltita entre poças –
E atento observo
(parte rei, parte servo).


(Leo Vik)

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Des Insanidadez




I.
Crise de poeta
Escrevo: você
Pensando em: ti


II.
Espera!
Quem sabe
O que te espera?


III.
Esperei tanto tempo
Que o tempo
Pas(sou)


IV.
Passas por mim
Com teu perfume
- Ins(piro)


V.
Jaz meu coração
No chão...
- Abaixo-assassinado


VI.
Tivesse eu a sorte
E te visse...
(te vestes)


VII.
Só, singular
Contigo:
- Plur(all)


VIII.
Pele tão branca
De leite...
- Meu leito é o eleito.


IX.
Acordado aprecio
Enquanto respiras
Acordes


X.
Morto de sono
Sonho
Sonhos de morto



(Leo Vik)

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domingo, 24 de março de 2013

Andante


Solenidade de abertura
Sons de trombetas
Tapete vermelho
Trono de ouro

Não é isso!

Ganhar a vida
(atrasar a morte)
Chegar lá
Voltar a si

Não é assim... 

Toda história
(toda a História)
Essa coisa de sucesso
Essa coisa de amor

Um poema

Não 
EXPLODE
Súbito.

É mais na viagem das árvores
No lento crescer dos cabelos
Maré cavoucando nas pedras
Nas rugas dos meus cotovelos

Tudo que
É
de verdade

É 
todo dia 
um pouquinho.


(Leo Vik)

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sábado, 16 de março de 2013

Segundo Andar



[ Ouça com música aqui: SOUNDCLOUD ]

“Here comes the sun”, 
alguém me ouviu cantar
Se tudo está fora do lugar, 
não faço questão de me explicar

“Little darling”, 
eu passo devagar
Debaixo do seu segundo andar 
(com passos de quem quer te acordar)


(Leo Vik)

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quinta-feira, 7 de março de 2013

Comovente



Não é 
O enterro do presidente
Na tevê

A TRAGÉDIA

É a mosca que se afoga
Numa pia: 

- VÔ MORRÊ!


(Leo Vik)

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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pequena Correção

Normalmente, o dinheiro que ganho desaparece tão rápido
Que penso em sugerir uma pequena correção:

Se é que vocês entendem o que digo,
Está na hora de mudar o nome de Real
Para Imaginário


(Leo Vik)


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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Professor Bukowski


Prezado Professor
Bukowski

Será que um dia dirão
"Viveu sozinho abraçado em seus livros
Sem nunca ter lido um em cada 10"
Ou
Dirão que houve discos
Inauditos cobertos em pó
Ou
Uma coleção de 9
Óculos (mas
na verdade só usava 3)?

Será que virá
Impressa em última página
Ou em um link perdido na oitava
Página da busca
A notícia
"Morreu aos 75
Abraçado à esposa
Depois de 62 anos
Jurando nunca casar"?

Virá
Impávido como o verso veloso
O dia em que alguém dirá
"Deixou saudades"
"Lembro sim"
"Acho que sei
quem é"
ou
Foi

Prezado professor Charles
Será que um dia encontrarão
Escritas em algum lugar
As palavras
"Idolatrava Dylan"
"Sonhava atuar
toda noite em um palco"
"Queria dançar
mas tinha vergonha"?

Quando enfim
O último segundo se anunciar
Valerá mais a palavra impressa
Insossa
Ou a memória que anunciará
"Lembro dele,
Que saudades!"...?

Eu era tão mais velho
Hoje eu sou mais jovem
(disse Bob)

Caro Bukowski
E agora?

O momento ou o eterno?



(Leo Vik)

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Impossível


Não adianta

Um dia todo mundo acaba vítima
Dessas caixinhas abre-fácil

Difíceis de abrir


(Leo Vik)


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domingo, 20 de janeiro de 2013

Visitantes
















Sempre:
           Prédios, ruas e aromas ressurgem
           (junto a sons e cores do passado).
           Protestam contra o pó e a ferrugem
           Sussurram suas histórias a meu lado.

Não é como viver no pretérito –
           é como existisse, contínuo, o ocorrido.
          (Como se cada parágrafo, ao ser lido
Tatuasse na memória um seu mérito.)

              No espaço infinito dos olhos fechados
    Há de existir uma biblioteca de contos
Implorando para serem lembrados.


(Leo Vik)

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