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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Essa chuva



















Não passa nunca!

Parece assim que começou antes do nada
E vai durar eternamente
Chove tanto
Que pra memória nunca houve tempo aberto
Se houve sol não lembra mais
Sempre dilúvio jamais deserto

Tanta água
Que nunca houve tempo seco
O ar sempre riscado, água em vôo
Jamais se viu o outro lado
Sem o branco turvo do véu aquático

São tantas gotas em meu corpo
Tantos toques, tantos dedos
Insistindo um "ei, ei, ei" a cada pingo
Parece que jamais estive só
Nunca houve espaço para o Nada
A água sempre trouxe o Tudo

Cada nova esfera d'água que me visita
Enxágua o que outra gota disse
E traz uma palavra-sílaba inédita

(Prestes a ser levada embora
Pela chuva)


Leo Wilczek


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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O último som



Não há silêncio.

Alma inquieta
Voz ansiosa
Tempo que fere
O espírito tanto -
Saibam todos disso:

No momento último
Quando tudo o mais se cale
Sobre o nada sobretudo se ouvirá
O som de asas batendo


Leo Wilczek


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ninguém viu



Quarto azul
Apartamento azul
Casa azul
(Quem sabe?)

Sons de profundo prazer
Movimento Música Vozes

Naquela
Microsfera 
A minúscula lasca de tempo
Estava prestes a se cristalizar

Pelo simples fato
De jamais se repetir
De tudo que passou
Jamais alguém ter visto

Haverá deuses!
(ou o momento existiu para ninguém).



Leo Wilczek