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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ideia fixa.

Mude o cenário ideia fixa.
Pense em outra coisa ideia fixa.
Outras cores ideia fixa.
Liberte-se ideia fixa.

(Persegue a ideia fixa,
Insiste a idéia fixa,
Retorna a idéia fixa,
Adere a idéia fixa.)

Inércia ideia fixa.
Repetição ideia fixa.
Assombração ideia fixa.
Parasita ideia fixa.

Tive uma ideia fixa.


(Leo Wilczek)


Ensaio sobre a Solidão

                     (Foto: Leo Wilczek)


Tarde de sol, centro
de metrópole
(mil e dezessete pessoas).

Shopping center, fim
de semana
(três mil e cinco pessoas mais funcionários).

Instituição pública de ensino, sala
de aula
(vinte e cinco alunos, mais professor).

Uma jovem que acaba de se descobrir mãe
de uma menina
(duas pessoas, mais um pai ausente).

Apartamento, alta noite, véspera
de carnaval
(um homem e um cão).

Bairro boêmio, balada, noite quente
de verão
(duas mil pessoas por hora, aproximadamente)

Uma multidão
de corações.

Vazios.


(Leo Wilczek)



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Pingos



*
Cachorro cotoco abana o rabo: alegria dando tchau com a ponta do mindinho!


*
Minha musa me abusa sem blusa - e ousada me acusa de mente obtusa.


*
É cada trítono pra resolver! Mas o lance é o seguinte: de semi em tom a melodia enche a pauta.


*
Rima iê iê iê:
Domingo. Pede cachimbo. Pensei em "flamingo", mas - culpa dos Beatles - rimei com o Ringo.


*
Atrás de cada página virada fica uma história amassada.


*
Diário:
Uma lágrima caiu, habitou o papel, se enlaçou com a tinta. Virou nuvem. Um espectro negro abraçou a palavra "adeus".


*
Sono. Nebuloso caminho entre o fato e o abstrato.


*
Meu nariz é meu. Meu nariz. É... meu, nariz! MEU! É meu nariz. MEU, nariz! Como é engraçado, "nariz" (a palavra e o nariz em si).


*
Amor de Natal: 
Perdidamente apaixonado, ele fitava os pezinhos da vendedora - enquanto os outros namoravam presentes sob a árvore de natal.




(Leo Wilczek)



Insight.

Poesia.
Mais.
Sempre.
Nunca o suficiente.

Mais um dia.
Mais.
Sempre.
Com poesia evidentemente.

Só posso aceitar um jeito
De tirar a poesia da frente:
Sequestrar o verso perfeito
E mandar pra dentro da gente


(Leo Wilczek)



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Corpo e Alma

Não há milagre

Maior

Que uma mão amiga

Que venha

Com um corpo amigo

E uma

Alma amiga.


(Leo Wilczek)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Noturno

As ruas estão sozinhas.

Os cães tecem sua rede
De recados lançados ao ar,
Latidos diálogos
Guardados por asas escuras
De pássaros ausentes,
Cantores de serestas esparsas.

Os carros seguem sozinhos.

Motores, rodas, faróis,
Assentos vazios.
Alucinações deslizantes,
Fantasmas,
Vagando do escuro ao nada.

Os passos pisam sozinhos.

Pés evaporam acima das canelas,
Os joelhos são o céu negrazul.
Serão os olhos as estrelas?

Meus amores flutuam sozinhos.

Em névoas de memória ou futuro.
Todos ausentes, presentes no entanto.

Ocupando

Os espaços

Entre os cães

E as estrelas.


(Leo Wilczek)



Nonsense



Meu passo lento
Pisa lúdico
Passa em lenta
Câmera

Meu pensamento
Pensa muito
Penso e minto
Camarada

Não corro
Não prego
Não cultuo
Não me apego

Só faço da vida
Café com biscoito

De Chocolate


(Leo Wilczek)


Tudo Exceto


Excluído
Maldito
Ferido
Odiado

Ou

Amputado

Tudo aceito

Mas que não seja
Esquecido


(Leo Wilczek)



sábado, 5 de fevereiro de 2011