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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Noturno

As ruas estão sozinhas.

Os cães tecem sua rede
De recados lançados ao ar,
Latidos diálogos
Guardados por asas escuras
De pássaros ausentes,
Cantores de serestas esparsas.

Os carros seguem sozinhos.

Motores, rodas, faróis,
Assentos vazios.
Alucinações deslizantes,
Fantasmas,
Vagando do escuro ao nada.

Os passos pisam sozinhos.

Pés evaporam acima das canelas,
Os joelhos são o céu negrazul.
Serão os olhos as estrelas?

Meus amores flutuam sozinhos.

Em névoas de memória ou futuro.
Todos ausentes, presentes no entanto.

Ocupando

Os espaços

Entre os cães

E as estrelas.


(Leo Wilczek)



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